O conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico de Igatu - distrito do município de Andaraí - foi tombado pelo IPHAN, em 2000. A cidade também é conhecida como Xique-Xique do Igatu e Cidade de Pedras. O tombamento abrange as ruínas de habitações de pedra localizadas entre a ponte sobre o rio Coisa Boa e a margem esquerda em direção à trilha do antigo garimpo local. O núcleo original de fundação, datado de meados do século XIX, encontra-se em ótimo estado de conservação e o perímetro tombado possui, aproximadamente, 200 imóveis.
Igatu é considerada um museu vivo da história da mineração de diamantes no Brasil. A pequena vila viveu o apogeu e a decadência do garimpo, deixando os sinais de sua história estampados na arquitetura e no estilo de vida dos moradores atuais. Próxima ao rio Piaba, afluente do rio Paraguaçu, limita-se com o Parque Nacional da Chapada Diamantina. Por ela passam os rios Coisa Boa, Pombos, Laranjeiras e Tamburis.
Encravada entre afloramentos rochosos, ruínas históricas, rios e cachoeiras, Iguatu possui um casario histórico do século XIX, construído com pedras e resquício da época da mineração do diamante na região. Por esta sua característica, o distrito é conhecido como a "Machu Picchu Baiana", em uma referência à histórica cidade peruana de pedra. Além da arquitetura do seu traçado e de bens com valor individual, o tombamento destacou as ruínas históricas existentes ao redor do núcleo urbano construídas pelos garimpeiros que trabalhavam na localidade.
Utilizando as trilhas dos índios, a mão de obra escrava , e construindo novos caminhos, os garimpeiros reviraram quase totalmente a Serra do Sincorá, transformando a região em um dos lugares mais ricos do mundo. As tocas e ranchos dos primórdios começaram a conviver com grandes casarões coloniais, que abrigavam os barões do diamante na fase de esplendor.
No passado - próspera e populosa - chegou a ter mais de dez mil habitantes. No entanto, com o declínio da atividade diamantífera na região, entrou em decadência e a maioria da população deixou o lugar em busca de melhores condições de vida. A vila ficou vazia, com casas e comércios abandonados. Apesar das dificuldades, algumas pessoas resistiram e permaneceram no lugar. Progressivamente, Igatu voltou a se desenvolver e se destacar na Chapada Diamantina.
Atualmente, atrai visitantes de todo o mundo e o turismo é sua principal atividade econômica. Abriga cerca de 380 habitantes, em sua maioria filhos do garimpo de diamantes. A vila é um local propício ao turismo histórico-cultural, além do turismo de natureza e de aventura, e também é conhecida por ser a terra natal do escritor Herberto Sales que imortalizou o coronel Aureliano Gondim em seu romance Cascalho. Como ocorreu em todo o Nordeste, o coronelismo influenciou a vida e os costumes da sociedade do município.
História - Esse território foi primitivamente habitado ou visitado pelos índios Cariri e os Maracá, sendo resquícios daquela época os nomes indígenas de Andaraí e Igatu. A presença de pinturas rupestres na região indica que esta área foi ocupada por tribos indígenas. Andiray (depois transformado no topônimo Andaraí) significa andira (morcego) e y (rio) = rio de morcegos. O nome Igatu significa "água boa": é a junção dos termos y (água) e katu (bom).
O município de Andaraí localiza-se na região da Chapada Diamantina, e presume-se que a designação do nome da cidade tenha sido inspirada pela presença de grandes grutas, habitat de morcegos. O descobrimento daquelas terras ocorreu entre 1845 e 1846 e a colonização ocorreu devido ao ciclo dos minérios, cabendo a criação do povoado ao capitão José de Figueiredo, seus dois filhos, genro e alguns escravos, procedentes de Santa Isabel do Paraguaçu (atual Mucugê).
O avanço inicial no território tinha como objetivo descobrir minas de diamante e de ouro, e aqueles pioneiros obtiveram grandes resultados na exploração de pedras preciosas. Entretanto, acossados pelas febres, eles se retiraram com destino ao Arraial da Serra do Grão-Mogol, em Minas Gerais, onde difundiram a grande fama das minas de Andaraí, o que ocasionou a invasão da região por bandos de garimpeiros que ali se instalaram, vindos de povoados vizinhos.
Como as pedras preciosas continuavam a surgir em abundância, melhores edificações foram estabelecidas, criou-se o comércio local e indústrias de transformação, construiu-se a capela. O garimpo de diamantes impulsionou o desenvolvimento de toda a região conhecida como “lavras diamantinas” e Igatu era ponto de parada dos viajantes que percorriam os caminhos entre Andaraí e Mucugê. Quando os garimpeiros encontraram diamantes, no rio Cumbucas (região de Mucugê), o povoado recebeu muitos homens que se espalharam pela região e logo trouxeram suas famílias - de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás, entre outras províncias - para o local.
A corrida em busca de ouro e diamantes trouxe levas de garimpeiros atraídos pelas pedras preciosas encontradas, praticamente, na superfície do solo. Para a construção das casas, as famílias garimpeiras utilizaram as pedras, material abundante na região. A povoação se iniciou na área da atual sede do município, parte de Santa Isabel do Paraguaçu (atual Mucugê).
Os primeiros povoamentos surgiram em áreas de fazendas de agricultura e pecuária que serviam aos garimpos da Chapada Velha e Rio de Contas: as mercadorias eram levadas pelos tropeiros aos povoados da região como Comercinho, Piranhas e Passagem, este último à beira do rio Paraguaçu, em trecho que permitia a navegação e transporte até às áreas do município de Cachoeira.
Na região, existem remanescentes dos quilombos Orobó, Tupins e Andarahy. Em 1796, o fazendeiro Dom Rodrigo de Souza Coutinho registrou a presença desses quilombos que foram destruídos e alguns de seus integrantes presos e devolvidos aos seus donos. A atual comunidade de Fazenda Velha, nas margens do rio Santo Antônio, é remanescente dos quilombos.
O fim da escravatura, o começo da República e o achado de jazidas diamantíferas na África do Sul marcaram o começo da decadência. A produção só foi salva graças ao carbonato (o diamante negro), utilizado na indústria, que tinha mercado na construção do Canal do Panamá, na América Central. Mais tarde, seria descoberto o diamante sintético que substituiria o carbonato.
Em 1884, Andaray foi elevada à Vila Igatu e passou à condição de distrito. O ouro verde do Brasil, o café, era também fonte de riqueza na região onde o Vale do Pati se destacou como um centro produtor de café e outros víveres, muito rico e movimentado. Sua decadência respondeu à política da época que, no intuito de favorecer os cafeicultores do sul, levou à destruição dos seus cafezais pelos produtores locais.
Ao longo do tempo, o impacto ambiental provocado pela atividade garimpeira artesanal provocou o assoreamento nos rios, o que foi agravado no século XX: entre 1970 e 1980 o garimpo mecanizado utilizava dragas com motores a diesel que despejavam óleo nos rios contaminando as águas. Finalmente, o assoreamento dos rios, a devastação das matas nativas e a poluição levaram à extinção da atividade, em 1996.
Entretanto, o garimpo ainda se sobressai como um traço cultural e econômico no município, e os garimpeiros buscam a regularização de sua atividade junto aos órgãos públicos responsáveis pela conservação do meio ambiente, com projetos que reduzam o impacto ambiental por meio de reflorestamento e reconstituição do solo explorado.
Monumentos e espaços públicos tombados: Igreja e Cemitério de São Sebastião, Praça do Mercado, trilha de acesso ao cemitério, ponte sobre o riacho dos Pombos, Morro do Cruzeiro de Cima, Poço da Madalena, além das ruínas de pedras.
A cidade é muito bonita, mas lamentavelmente os assaltos a turistas estão se tornando uma coisa comum, neste Sao Joao, a casa que eu aluguei e a casa de meu vizinho, foram arrombadas e saqueadas!
ResponderExcluirA população sabe quem rouba, mas nao faz nada para coibir!
Nao va a Igatu, nao va a nenhuma cidade que rouba seu turista!
Infelizmente, isto esta acontecendo em todo interior do país, em todo lugar.
ResponderExcluiré novidade para a região. Não desanime por isso.